Coleção de Natal

Coisa intrigante mesmo é a tal da morte. Tanto se fala,
pouco se diz. Tanto se repete, pouco se cria, se descobre. Mas a morte provoca
união, talvez pelo medo de que seja contagioso, ou apenas pela condolência. Não
há melhor remédio pra família brigada, que, infelizmente a morte. De
preferência daquele sujeito que sempre tentou reunir todo ano a família, sempre
frustrado.


Mais frustrante ainda é ver seu sonho realizado. Mas apenas
após seu falecimento. Êta mundinho ingrato. Mas fazer o que, se era o necessário?
Ás vezes é preciso mais que um simples puxão de orelha pras pessoas
consertarem. É preciso que se vá mais além, que mecha com os seus anseios, seus
medos, sua fraqueza. Porque o maior medo de qualquer ser humano é o ficar só. E
desde cedo, aprendemos que a família é tudo que se tem, ou que se deve ter.
Quem tem família nunca fica sozinho.


Por isso, nos aproximamos tanto dos amigos, os tornamos tão
importantes porque estes, sim poderão ser considerados família. Família não é
questão de sangue ou parentesco. Ás vezes nem tanto afinidade. Família é
experiência de vida. Ás vezes um desconhecido que está presente numa situação
de risco repentino e tem um papel significativo torna-se mais íntimo que
qualquer relação sanguínea poderia levar alguém.


O caos aproxima as pessoas. Assim como a dor e o medo. O
caos gera família. Que gera união, e afasta o caos. Ciclo vicioso, que nos leva
a aumentar, cada vez mais, o número daqueles que nós consideramos família. E,
que poderemos contar com tudo pro resto da vida. Por mais nojento, idiota,
caótico, estúpido, carente, irritante, trabalhoso ou surpreendente que seja.








Post dedicado à todos aqueles irmãos que eu tenho, que sabem
que são irmãos. Àqueles que têm buscado me apoiar, mesmo contra minha vontade,
mesmo que eu tivesse fugido de qualquer conversa ou explicação. Àqueles que
sempre confortaram primeiro, para depois perguntar. Àqueles que aconselharam,
foram ignorados e nunca apontaram o dedo acusador.


Quais sejam: Tatá,
Skimo, Cruiz, Indi, Nessa, Buosi, Aninha, Pingüim, Brina, Pati, Mary, João
Álvaro, Phillipe, Henry, Pedrin, Barbie, Larinha, Flávia, Gabi, Ciça, Cris, e mais
tantos outros inomináveis que sempre estiveram ao meu lado.

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Que país é esse?

Existe algo mais chato que aqueles pseudo-nacionalistas, que só sabem falar mal do Brasil, só sabem falar que ninguém defende o país, que a corrupção está acabando com o desenvolvimento, que não se importa mais com a pobreza, com a indústria nacional?
A esses só tenho um trecho do libro Gambaru, de Claudio Ayabe:

"O Brasil é o único país do mundo onde se pode abastecer
simultaneamente um carro com álcool, gasolina e gás, um feito
brasileiro, tecnologia nacional. Somos o primeiro país do mundo a
desenvolver o biodiesel à base de mamona. [...]Os Estados Unidos e
vários países europeus compram nossos aviões. Houve um tempo em que se
dizia que era um absurdo brasileiro se meter a produzir jatos. Santos
Dumont ficaria triste de ouvir isso. Temos o melhor sistema de urnas
eletrônicas do mundo. Os norte-americanos vieram aqui aprender como
fazer. Temos o mais moderno sistema bancário da América Latina. Tudo
perfeitamente informatizado. Temos ótimas seleções nos esportes
coletivos, como o vôlei e mesmo o futebol. E ainda exportamos gênios e
técnicos de todas as áreas para os países considerados desenvolvidos
[...] O Brasil só precisa de gente que pense diferente. Precisa de
gente que tenha
RAÇA, que lute por sua empresa, por sua
comunidade, por seu país. Eu tenho orgulho de ser brasileiro. Você tem?
Se a gente quer deixar de uma vez por todas o subdesenvolvimento, é
preciso que cada um faça sua parte.
"
[ AYABE, Cláudio in Gambaru ]

Qual tem sido nossa parte em melhorar esse país? O que nós temos feito? Quanto você investe no Brasil?

~~Um país não se constrói com idéias nem intenções.

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O Sol saiu

Este é um email que tem sido repassado após a tragédia em SC, de origem anônima..
Aos que se interessarem:


Meus amigos,


Hoje
27 de novembro de 2008 o sol saiu e conseguimos voltar a trabalhar. A
despeito de brincadeiras e comentários espirituosos normais sobre esta
"folga forçada" a verdade é que nunca me senti tão feliz de voltar ao
trabalho. Não somente pelo trabalho, pela instituição e pela própria
tranqüilidade de ter aonde ganhar o pão, mas também por ser um sinal de
que a vida está voltando ao normal aqui na nossa Itajaí.

As fotos que circulam na internet e os
telejornais já nos dão as imagens claras de tudo que aconteceu então
não vou me estender narrando e descrevendo as cenas vistas nestes dias.
Todos vocês já sabem de cor. Eu quero mesmo é falar sobre lições
aprendidas.


Por
mais que teorias e leituras mil nos falem sobre isso ainda é
surpreendente presenciar como uma tragédia desse porte pode fazer
aflorar no ser humano os sentimentos mais nobres e os seus instintos
mais primitivos. As cenas e situações vividas neste final de semana
prolongado em Itajaí nos fizeram chorar de alegria, raiva, tristeza e
impotência. Fizeram-nos perder a fé no ser humano num segundo, para
recuperar-la no seguinte. Fez-nos ver que sempre alguém se aproveitará
da desgraça alheia, mas que também é mais fácil começar de novo quando
todos se dão as mãos.


Que
aquela entidade superior que cada um acredita (Deus, Alá, Buda, GADU
etc.) e da forma que cada um a concebe tenha piedade daqueles:


- Que se aproveitaram a situação para fazer saques em Supermercados, levando principalmente bebidas e cigarros
- Que saquearam uma farmácia levando
medicamentos controlados, equipamentos e cofres e destruindo os
produtos de primeira necessidade que ficaram assim como a estrutura
física da mesma.

- Que pediam 5 reais por um litro de água mineral.
- Que chegaram a pedir 150 reais por um botijão de gás.
- Que foram pedir donativos de água e alimentos nas áreas secas pra vender nas áreas alagadas.
- Que foram comer e pegar roupas nos centros de triagem mesmo não tendo suas casas atingidas.
- Que esperaram as pessoas saírem das suas casas para roubarem o que restava.
- Que fizeram pessoas dormir em telhados e lajes com frio e fome para não ter suas casas saqueadas.
- Que não sentiram preocupação por ninguém, algo está errado em seu coração.
- Que simplesmente fizeram de conta que nada acontecia, por estarem em áreas secas.

Da mesma forma, que essa mesma entidade superior abençoe:

- Aqueles que atenderam ao chamado das
rádios e se apresentaram no domingo no quartel dos bombeiros para
ajudar de qualquer forma.

-
Os bombeiros que tiveram paciência com a gente no quartel para nos
instruir e nos orientar nas atividades que devíamos desenvolver.

- A turma das lanchas, os donos das
lanchinhas de pescarias de fim de semana que rapidamente trouxeram seus
barquinhos nas suas carretas e fizeram tanta diferença.

- À equipe da lancha, gente sensacional que parecia que nos conhecíamos de toda uma vida.
- Aos soldados do exército do Paraná e do Rio Grande do Sul.
- Aos bravos gaúchos, tantas vezes vitimas de nossas brincadeiras que trouxeram caminhões e caminhões de mantimentos.
- Aos cadetes da Academia da Polícia Militar que ainda em formação se portaram com veteranos.
- Aos Bombeiros e Policias locais que
resgataram, cuidaram , orientaram e auxiliaram de todas as formas,
muitas vezes com as suas próprias casas embaixo das águas.

- Aos Médicos Voluntários.
- Às enfermeiras Voluntárias.
- Aos bombeiros do Paraná que trabalharam ombro a ombro com os nossos.
- Aos Helicópteros da Aeronáutica e Exercito que fizeram os resgates nos locais de difícil acesso.
- Aos incansáveis do SAMU e das ambulâncias em geral, que não tiveram tempo nem pra respirar.
- Ao pessoal do Helicóptero da Polícia Militar de São Paulo, que mostrou que longo é o braço da solidariedade.
- Ao pessoal das rádios que manteve a população informada e manteve a esperança de quem estava isolado em casa.
- Aos estudantes que emprestaram seus físicos para carregar e descarregar caminhões nos centros de triagem.
- Às pessoas que cozinharam para milhares de estranhos.
- Ao empresário que não se identificou e entregou mais de mil marmitex no centro de triagem.
- A todos que doaram nem que seja uma peça de roupa.
- A todos que serviram nem que seja um copo de água a quem precisou.
- A todos que oraram por todos.
- Ao Brasil todo, que chorou nossos mortos e nossas perdas.
- Aos novos amigos que fiz no centro de triagem, na segunda-feira.
- A todos aqueles que me ligaram preocupados com a gente.
- A todos aqueles que ainda se preocupam por alguém.
- A todos aqueles que fizeram algo, mas eu não soube ou esqueci.

Há alguns anos, numa grande enchente na Argentina um anônimo escreveu isto:

COMEÇAR DE NOVO

Eu tinha medo da escuridão
Até que as noites se fizeram longas e sem luz
Eu não resistia ao frio facilmente
Até passar a noite molhado numa laje
Eu tinha medo dos mortos
Até ter que dormir num cemitério
Eu tinha rejeição por quem era de Buenos Aires
Até que me deram abrigo e alimento
Eu tinha aversão a Judeus
Até darem remédios aos meus filhos
Eu adorava exibir a minha nova jaqueta
Até dar ela a um garoto com hipotermia
Eu escolhia cuidadosamente a minha comida
Até que tive fome
Eu desconfiava da pele escura
Até que um braço forte me tirou da água
Eu achava que tinha visto muita coisa
Até ver meu povo perambulando sem rumo pelas ruas
Eu não gostava do cachorro do meu vizinho
Até naquela noite eu o ouvir ganir até se afogar
Eu não lembrava os idosos
Até participar dos resgates
Eu não sabia cozinhar
Até ter na minha frente uma panela com arroz e crianças com fome
Eu achava que a minha casa era mais importante que as outras
Até ver todas cobertas pelas águas
Eu tinha orgulho do meu nome e sobrenome
Até a gente se tornar todos seres anônimos
Eu não ouvia rádio
Até ser ela que manteve a minha energia
Eu criticava a bagunça dos estudantes
Até que eles, às centenas, me estenderam suas mãos solidárias
Eu tinha segurança absoluta de como seriam meus próximos anos
Agora nem tanto
Eu vivia numa comunidade com uma classe política
Mas agora espero que a correnteza tenha levado embora
Eu não lembrava o nome de todos os estados
Agora guardo cada um no coração
Eu não tinha boa memória
Talvez por isso eu não lembre de todo mundo
Mas terei mesmo assim o que me resta de vida para agradecer a todos
Eu não te conhecia
Agora você é meu irmão
Tínhamos um rio
Agora somos parte dele
É de manhã, já saiu o sol e não faz tanto frio
Graças a Deus
Vamos começar de novo.

Anônimo


É
hora de recomeçar, e talvez seja hora de recomeçar não só
materialmente. Talvez seja uma boa oportunidade de renascer, de se
reinventar e de crescer como ser humano.

Pelo menos é a minha hora, acredito.

Que Deus abençoe a todos.

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